TESTEMUNHOS CRISTÃOS

sábado, 13 de agosto de 2011

Quando as orações não são atendidas: crescendo através da perda

Aos 18 de maio de 2006, Luiz Davi vinha ao mundo. Os pais instruídos através dos resultados de exames e orientações médicas, não se surpreenderam demasiadamente quando perceberam algumas diferenças especiais em seu filho naquele encontro. A mãe, anestesiada e durante a cirurgia, ansiava em ver o rostinho de seu filho que, após longos e sofridos 9 meses de expectativas, esperança e fé, nunca deixou de acreditar que ele viria ao mundo sim, e surpreenderia os médicos que inúmeras vezes falavam das mínimas chances de Luiz Davi nascer vivo. Neste período de gestação, a cada novo ultra-som realizado, mais se confirmavam as deduções médicas quanto à formação genética do bebê.
Tudo toma uma direção fatal e conclusiva, após um exame chamado de amniocentese, feito com a amostra de uma coleta do líquido amniótico, retirado através de uma enorme agulha introduzida na barriga da mãe. Neste exame, foi detectado que havia uma anomalia na formação dos pares de cromossomos do bebê, mais especificamente no par de número 18, apresentando três cromossomos e, não apenas dois, como rege a normalidade da formação genética. Síndrome de Edward, este é o nome que se dá a trissomia do cromossomo 18.
Talvez agora você possa estar se perguntando, mas o que os pais fizeram de errado? Será que existia algum tipo de maldição sobre a vida deles para isso lhes acontecer? Vamos considerar que eles sempre foram pessoas tementes a Deus, e em tudo, procuravam buscar Nele, e na sua palavra, a Sua vontade para a vida deles, no entanto que, antes de a mãe engravidar, eles ficaram em oração por um bom período pedindo a bênção e a aprovação do Senhor para essa decisão de terem um filho. Mas agora, o que é e está muito evidente no coração deles, é um monte de dúvidas e indagações.
Lembro-me de certa ocasião, onde Jesus está com um cego de nascença e, segundo a história relatada pelo evangelista João em seu livro, no capítulo 9, os discípulos perguntam a Jesus quem havia pecado, o cego ou os pais dele. Em resposta Jesus disse que nem ele, nem seus pais pecaram, mas isso aconteceu para que se manifestasse nele as obras de Deus. Em seguida cuspiu na terra e fez lodo com a saliva, untando os olhos do cego, e mandou com que fosse se lavar no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Tendo obedecido a voz e a ordem do Mestre, o cego lavou-se e quando voltou já estava enxergando. Percebe-se então, por esta passagem aqui citada que o sofrimento causado pela deficiência física ou a própria deficiência, não está ligado diretamente ao pecado que os homens cometem. O que se entende aqui, é que Deus em sua soberania, quer manifestar a sua glória aos homens através do seu grande poder e sabedoria.
O pai, que acompanhava tudo bem de perto, com a máquina fotográfica nas mãos, torcendo para não fixar os olhos no sangue e desmaiar, depara-se agora com a cena mais emocionante e fascinante de sua vida. O momento em que o bebê é apresentado a sua mãe, que firmemente suportou até o presente instante, toda pressão psicológica e afirmações médicas quanto ao futuro de seu filho, ao qual já ama sem limites. Este foi um momento sublime, auge de todos os anseios e expectativas paternas. Para o pai, sem dúvida alguma, essa cena ficará registrada eternamente em sua mente e em seu coração.
Após o banho então, Luiz Davi, é submetido a ficar na sala de UTI para crianças, onde já haviam várias outras crianças internadas, mesmo que seu comportamento ao nascer tenha sido como o de uma criança sem especialidades. Durante pelo menos duas semanas ele permanece no hospital em observação junto com a mãe, que incansavelmente, de três em três horas, mesmo debilitada pela cirurgia, está sempre pronta para amamentar o filho com seu leite materno através de uma sonda que nele foi colocada, pois ele tinha dificuldade de sucção do leite e não podia fazer muita força para sugá-lo, o que lhe causava muito cansaço físico. Apesar de tudo, devido ao bom desenvolvimento dele, surge uma notícia muito almejada pelos pais, ele vai receber alta para ir para casa, onde está tudo preparado para recebê-lo.
Chegando em casa, os cuidados e orientações médicas são seguidos à risca pelos pais, inclusive, as visitas semanais às consultas médicas e exames de rotina. Tudo anda em harmonia e a fé em Deus todo poderoso para cura de seu filho permanece acesa em seus corações, mas enfim, chegou o dia que os pais não desejavam. Aos quarenta e três dias de vida, após um dia normal de trabalho e estudos do casal, o bebê está a reclamar já por um bom tempo e, os pais decidem levá-lo para o pronto-atendimento. Chegando ao local, após um longo período de espera, o médico solicita o encaminhamento do bebê para um hospital da cidade. Passam-se umas duas horas e meia até que a ambulância chega ao destino que fica a aproximadamente 15km do local onde estavam. Já no hospital o bebê é submetido à máquina de oxigênio e batimentos cardíacos e ali permanece toda aquela noite sem atendimento médico. Quando já eram aproximadamente 8:30hs da manhã, os pais sem se importarem com o cansaço, fome ou sono que estivessem passando, perseveravam na espera pelo atendimento ao seu filho. Com a chegada da médica, logo o bebê foi submetido às manipulações consideradas necessárias para a sua recuperação, mas o que os pais mais temiam naquela hora lhes aconteceu. A notícia de que seu filho não havia resistido ao atendimento de reanimação e entrado em óbito, só multiplicaram as lágrimas que rolavam do rosto do pai, que agora aguardava a mãe para lhe dar a triste notícia. Entrar na sala, levantar o menino nos braços e clamar ao dono da vida a restauração do seu filho, talvez seria a atitude mais honrosa para um pai cristão mas, a falta de fé e convicção, foram as cordas que amordaçaram a boca, mãos e pés do pai, que apenas chorava. Sem querer acreditar, a mãe então, ao receber a notícia, desesperasse como se o mundo tivesse caído sobre a sua cabeça. Mas a realidade está ali, logo ao lado, na sala de atendimento médico. Nessa hora, Luiz Davi já está com o Senhor, mas os pais ainda permanecem em desespero e pranto, com uma montanha de interrogações permeando seus pensamentos. Durante um bom tempo estes pensamentos perturbaram a mente dos pais e, eles procuraram achar, um no outro, consolo e conforto para seus corações. Os amigos, irmãos na fé, e familiares foram peças fundamentais para o encorajamento deles nesse momento tão crítico de suas vidas. Aprenderam também a importância dessas pessoas em sua vida e jamais esquecerão de todo o apoio que receberam.

Talvez durante a leitura dessa experiência você esteja com algumas interrogações em sua mente, isso é natural. Ainda hoje trago no coração certas inquietações mas, compreendo que essa experiência que aconteceu comigo e com minha esposa só serviu para que fôssemos aperfeiçoados por Deus.

Existem coisas que acontecem na vida das pessoas que são inexplicáveis, incompreensíveis, só se entende quando realmente se vive aquela situação. Por isso, hoje quando ouço alguém falar sobre seus problemas, suas dificuldades, não digo que o compreendo ou sei o que ele está passando e, sim que imagino como deve estar se sentindo, porque por mais esforço que eu ou você faça para tentar sentir a dor dessa pessoa, nós nunca conseguiremos alcançar a totalidade de suas emoções, inclusive por mais semelhante que sejam nossas experiências. Isso se dá, pelo fato de que somos seres dotados de uma estrutura diferente uns dos outros mas, pela qual, Deus que nos criou, conhece muito bem e, por isso, somos provados exatamente com base nessa estrutura. Por mais que questionemos a Deus quanto a dificuldade de nossas provações, sempre seremos capazes de suportá-las e resistirmos às tentações e concupsciências da nossa carne, pois Deus pode, segundo a sua palavra, permitir que sejamos provados até o limite ou extremo de nossas forças, mas nunca, além delas.
Durante o processo que vínhamos passando com respeito ao nosso filho, minha esposa tinha consigo o seguinte pensamento, de que se Deus o levasse ela não iria suportar a perca e a falta dele. Com base no que o apóstolo Paulo escreveu em sua primeira carta em Coríntios 10. 13, sempre afirmei convictamente, que se Deus o levasse, seria porque teríamos condições de suportar aquela provação, pois Deus conhecia e conhece muito bem a nossa estrutura. Isso não quer dizer, porém, que esta estrutura não possa ser abalada, estremecida ou até mesmo comprometida. O fato é que se estivermos com nossa casa firmada sobre a rocha, que é a base da estrutura, o Espírito Santo de Deus e a sua palavra, agirão como instrumentos reparadores de todas as fendas eventualmente abertas nela. Aprendemos, eu e minha esposa através dessa experiência, que devemos servir ao Senhor por aquilo que Ele é, e não por aquilo que Ele tem para nos dar. Chavões como este são ouvidos constantemente, mas quando se trata de vivê-los e colocá-los em prática na nossa vida, percebemos o quanto somos inconscientes das palavras que pronunciamos ou dos hinos que cantamos na Igreja, como o de que se diz, “...Te louvarei, não importam as circunstâncias, adorarei somente a Ti Jesus...”
Aprendemos então, com base no que aqui foi apresentado, que a vontade de Deus é soberana, e Ele, assim como um pai que se compadece ou corrige aos seus filhos a quem ama, está sempre pronto para abençoar, seus braços estão estendidos, seus olhos contemplando e seus ouvidos não estão agravados para que não possa ouvir o clamor ou a petição de seus filhos,mas porém, não nos esqueçamos da sua palavra, quando Deus não nos responder de acordo com nossos desejos, que diz: “Pelo que não sejais insensatos, mas entenda, qual seja a vontade de Deus” (Efésios 5. 17) e, ainda que, por mais que nos esforcemos e não compreendamos o agir de Deus em nossa vida Ele nos diz assim: “O que eu faço, agora não compreendes, mas tu o saberás depois” (João 13. 7), portanto, não estejais demasiadamente preocupados, porque no momento certo Deus te esclarecerá.



Pb. Saule Luiz Pinheiro Goedert


IEAD - Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Joinville/ SC
Distrito XXIII - João Costa
E-mail: saulegoedert@yahoo.com.br 
Blog: http://saulegoedert.blogspot.com
Telefone: (47) 8854 3772


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