TESTEMUNHOS CRISTÃOS

domingo, 7 de agosto de 2011

Entrevista com Sammis Reachers: "Fui Resgatado do Ateísmo"


Wilma Rejane

Sammis Reachers mora em São Gonçalo-RJ. É blogueiro, poeta, pesquisador, autor de Uma Abertura na Noite e A Blindagem Azul, com participação na organização de algumas  publicações cristãs. Sammis é também um amigo que muito estimo. Ano passado a seu convite, passei a publicar no Confeitaria Cristã e por sua indicação fui convidada a fazer parte da administração da União de Blogueiros Evangélicos.  Bem são muitos os blogs de sua autoria e não dá para linkar todos aqui, mas um dos blogs que tem recebido destaque na mídia nacional, inclusive na Revista Show da Fé é o Poesia Evangélica.

A Entrevista está imperdível. Invista alguns minutos na leitura, Deus  falará ao seu coração. 

1-    Que tipo de experiência te fez mudar do ateísmo para o cristianismo?


Para explicar isso preciso contar meu testemunho, e pode até escandalizar alguns, mas é a verdade, é sobre como fui resgatado. Quando criança eu tinha minha pequena fé. Meu pai, católico praticante, estava então se libertando do alcoolismo – e do catolicismo também -, freqüentando uma igreja evangélica. Ele sempre assistia aos tele-evangelistas (que muitos crêem que não deveriam existir), no que eu o acompanhava. Tinha uns sete anos e lembro que lia e relia um exemplar do Novo Testamento (O Mais Importante é o Amor). Praticamente aprendi a ler ali. Só lia até Atos, pois de Romanos para lá (a parte mais ‘teológica’) eu não entendia mais nada, e então voltava a Mateus... Depois passei a devorar enciclopédias e, enquanto ia crescendo, sempre ávido por conhecimento e mergulhando cada vez mais nas leituras, fui perdendo minha fé, me tornando um jovem amargurado e desiludido. Cortesia de defuntos como Nietzsche, Schopenhauer, Sartre e ampla companhia. Revolta, depressão e literatura: a trinca infernal que me guiava.

Minha maior angústia, que eu relutava em admitir para mim mesmo, era perceber que filósofo algum, poeta, pensador, e mesmo texto sagrado de qualquer religião/cultura me oferecia a resposta que eu buscava. Era duro perceber, era desolador: estávamos todos presos num labirinto, e NINGUÉM CONHECIA A SAÍDA. Então me aferrava ao existencialismo de Sartre e a concepções sócio-políticas anarquistas, ao ‘não há sentido’, ao ‘construa seu sentido’, mas isso era só mais uma faceta, uma máscara do vazio que me parecia preencher tudo o que era humano. Depois que comecei a escrever poesia e a ser publicado em alguns lugares, tudo piorou.

 Com 24 anos comecei a namorar uma menina, que após um mês de namoro se converteu ao Evangelho. Continuamos com o relacionamento, nos casamos. Um perfeito jugo desigual. Para mim, parecia muito bom, pois ela, por ser crente, se mantinha ‘comportada’, e não questionava minha forma de pensar; nem se punha a pregar para mim. Aqui abro um parêntese: meu melhor amigo se converteu também. Amigo até os ossos, desde a infância, à maneira clássica de Davi e Jonatas, e que eu sabia que jamais mentiria para mim. Pois bem, ele começou a chegar a minha casa e contar as maravilhas que Deus estava fazendo em e através de sua vida, maravilhas sobrenaturais até, como visões, arrebatamentos, orações de cura e muito mais. Aquilo me incomodava, incomodava profundamente: qualquer um me contando aquilo, eu taxaria de simples louco e fabulador. QUALQUER UM. Mas Deus escolheu aquele homem em quem eu mais confiava, mais até que em meu próprio pai... aquilo foi se prolongando, e eu contemplando a mudança radical naquela vida. Cheguei a pedir para ele que, se fosse para vir a minha casa falar de Deus, que não voltasse! Pois minhas duras ‘certezas’ já se iam abalando. Eu não estava conseguindo assimilar tudo aquilo.

Muitos não crêem na contemporaneidade dos dons do Espírito, mas nós assembleianos cremos que eles são reais. Pois bem, eu levava uma vida de dissolução, entregue a muitos adultérios... minha esposa nada sabia, e perseverava em sua caminhada. Até que um dia o Senhor revelou o que eu fazia, e com detalhes que só eu conhecia. Ela me confrontou, eu fiquei desnorteado (aquela história de só dar valor a algo quando se perde). Eu já me debatia entre crer e não crer na existência de Deus (que se me manifestava através dos testemunhos de vida dela e de meu amigo). Contei a ela então a exata metade do que eu havia feito. Pois ela foi para a igreja no mesmo dia e lá o Senhor revelou claramente que eu só havia contado a metade, e ainda detalhes sobre o pior dos envolvimentos, que eu havia omitido.


Bem, o resto foram lágrimas, dor, quebrantamento, conversão. E perdão. Um processo longo e bem doloroso, cujos frutos amargos eu colhi e ainda colho, passados tantos anos. Deus não se deixa escarnecer, o que o homem planta invariavelmente colhe. Então as muitas escamas de repente caíram de meus olhos, e eu, desta vez com os olhos do Espírito,  pude abrir as Escrituras e ENTENDER (antes eu procedia à maneira clássica dos ateus, lendo o Antigo Testamento em busca de contradições).


Um testemunho estranho, mas não tenho vergonha de contá-lo, pois pode ajudar a alguém. Pela misericórdia já usei meu testemunho para ajudar muitos homens entregues ao adultério, ou com casamentos já desfeitos. E ainda uso.


Mas que não sirva de exemplo para ninguém entrar num jugo desigual. Saia fora disso meu irmão/irmã! Palavras bonitas não poderiam talvez me converter, eu que conhecia do Bhagavad Gita a Holderlïn, e, poeta, sabia o quanto as palavras podem facilmente se prostituir (mentir). Fui convertido por sinais e pela dor. Felizes aqueles que se convertem por ouvir a Palavra e por amor, que não carecem de ‘ver para crer’! O sentido para a Vida, o sentido de tudo o que existe, que eu buscava em centenas de livros, estava na minha cara, e se me manifestou. E estranhamente me aceitou, eu, um inimigo declarado e atuante, blasfemo até o limite do impublicável, que detestava os crentes e sonhava em demolir igrejas. Coisa de enlouquecer qualquer um!

2-    De onde vem essa paixão por missões?


“Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.” Mt 13:45,46


"Se pudéssemos chegar mais perto do coração de Jesus e sentir e perceber o motivo pelo qual Ele deu a Sua vida; se fôssemos dirigidos por Seu amor, daríamos todo nosso tempo à procura das coisas que tem valor real e eterno, as almas dos homens". - Paul Fleming. 

Se descobri finalmente o que eu mais desejava, o Sentido buscado por tantos anos, como na Parábola da Pérola de Grande Valor, como me furtar a compartilhar com cada homem cego o fato de que existe um Sentido, que existe LUZ? Entendo Missões num amplo espectro, mas principalmente como o ato de alcançar os (povos) não alcançados. E nisto apressar a volta de Jesus, conforme Mt 24:14 . Cada segundo que este mundo dura, é um segundo de dor. Cada século, um século de dor. Ao não levar o Evangelho avante, além de eu provar cabalmente minha imensa falta de misericórdia e amor para com o próximo e para com meu Deus (negar a Fé!), eu atiro em meu próprio e querido pé, pois a prisão que é este mundo permanece existindo, e eu nele. E este mundo precisa acabar, o Novo Mundo precisa - alucinante, urgente, poderosamente - existir. 


O cristão é um revolucionário que luta pelo advento de um Novo Mundo, advento que passa inexoravelmente pela aniquilação final deste sistema iníquo de coisas, vulgo o mundo atual. Olhando sob certo viés, há uma guerra de extermínio, uma guerra total em andamento (cujo objeto de despojo são preciosas VIDAS), e muitos brincam de faz-de-conta, em ‘com que vestido eu vou ao culto hoje’, e picuinhas menores ou maiores. Preocupamo-nos com placas, trancamo-nos entre quatro paredes (sempre as paredes!) e louvamos até as gargantas arrebentarem, ofertamos com parcimônia ou esperando (alguns exigindo) o troco multiplicado de Deus... J.L.Ewen diz que “Enquanto houver milhões de seres humanos sem a Palavra de Deus e sem o conhecimento de Jesus Cristo, ser-me-á impossível devotar meu tempo e energia àqueles que têm ambos.” O que posso, o que podemos acrescentar? Ora vem, ora vem, ora vem Senhor Jesus!

3-    Blog: Ministério ou Diversão?


Com absoluta certeza para mim é um ministério, já desde 2007. Ministério por envolver chamado e identificação, por exigir renúncia e sacrifícios, por não ser reconhecido já ‘em sua própria terra’, pela oportunidade de exercitar mordomia e a realização que nos é advinda disso... Enfim tudo que envolve um Ministério ‘tradicional’, se podemos dizer assim. Digo não apenas em relação aos blogs, mas a internet em si, com suas redes sociais, fóruns, etc. Meu objetivo sempre foi fechar lacunas, no intuito de informar, alertar e capacitar a Igreja sobre tudo aquilo que me parece importante, além de evangelizar, é claro.

Cada blog surgiu quando percebi uma lacuna. As facilidades e a gratuidade da internet permitem que alguém, mesmo que sozinho e sem recurso$ possa trabalhar bastante. Isso é uma Revolução com um grande R maiúsculo, e percebi isso no primeiro dia que acessei a rede numa lan house há alguns anos. E aí surge aquela diretriz propagada por nosso irmão João Cruzué, de ocupar espaços, aumentar nossa presença, criar e influenciar. É o que faço, o que muitos irmãos tem feito, nesta grande seara que se nos abriu. E ainda são poucos os ceifeiros!

4-    Quantos livros já publicou e quais sonha em ainda publicar?


Já publiquei na internet sete livros, sendo dois de poemas de minha autoria e cinco antologias que organizei. Pretendo publicar, desta vez em formato impresso também, um novo livro de poesias minhas, e ainda organizar um novo volume da Antologia Águas Vivas, que reúne poetas evangélicos contemporâneos. Há um sonho antigo, de difícil confecção, que é o de uma Antologia da Poesia Cristã Universal (que nome assustador, não?). É difícil, mas já aprendi que quando chega o tempo de Deus, as águas se movem sem embaraço algum. Descanso tranqüilo e a postos... Compartilho gratuitamente estes livros devido à forma como percebo o Cristianismo, devido à forma como respondo à pergunta fundamental ‘O que Jesus faria?’. Acredito firmemente na democratização do conhecimento, esta é uma de minhas bandeiras. Conhecimento que é uma construção coletiva e ao fim pertence a todos, e não é este monólito do ‘É MEU FUI EU QUEM FIZ’ que hoje ainda impera em muitas mentes, culturas, legislações. Se outros têm percepções diferentes, se outros (neste caso cristãos) sequer se fazem a tal pergunta fundamental, oremos...

5-    Família em sua vida.


A família é a base da sociedade, e isso já diz tudo, é uma verdade axiomática, inescapável. Andar sem ter base é bem difícil. É voar com uma asa só... Dou muito valor à minha família, e sei o quanto este é o alvo principal de Satanás para destruir ou frear nossa caminhada. Já passei por algumas ‘Stalingrados’, e muitas vezes operei no Piloto Automático (Espírito Santo puro), pois de mim já não tinha força alguma para suportar certas lutas. Mas a Rocha nunca me desamparou, e sempre me deu a vitória.

6-    Qual seu maior medo (se é que tem)


Não tenho muitos medos... um grande medo que tinha, já se realizou, e sobrevivi, logo não sobrou muito para temer. Glória a Deus por isso! As palavras medo e cristão não deveriam estar juntas numa mesma frase, embora sejamos pó.

7-    E maior alegria?


Ter conhecido Jesus foi minha maior alegria. Além da graça de obter a salvação e tudo o mais, antes eu não sabia o que era o Amor (Ágape), embora sempre possuísse clara percepção do Mal. E mesmo sem compreendê-lo, conhecer o Amor de Deus (o Bem Supremo) é maravilhoso, como que entorpecente... Daí o ‘embriagai-vos com o Espírito Santo’!

8-  Jesus.

Tudo, o Início e o Fim, o Caminho, a Ponte, a Porta, a única causa pela qual viver e morrer.
  
Por: Wilma Rejane - http://www.atendanarocha.com

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