Foi em algum momento dentre
as décadas de 1960 e 1980, quando transcorreram os eventos da chamada Guerra
Sul-africana na Fronteira, conflito por sua vez umbilicalmente ligado à Guerra
Civil Angolana. Um terrorista bateu forte à porta da casa da missão finlandesa,
próxima à fronteira de Angola com a Namíbia, no sul da África, dizendo:
— Ajudem, ou morrerei. Ela
arde em minhas mãos, arde em meu coração. Ela está queimando. —Enquanto falava,
mostrava uma Bíblia na língua ovambo, toda perfurada de balas, queimada,
rasgada e manchada de sangue.
Muitos anos antes, este
terrorista havia estudado num colégio missionário e tinha ouvido das histórias
de Jesus Cristo. Naquela época ele desejou muito adquirir uma Bíblia. Havia
poupado tudo quanto podia, mas não pôde conseguir uma. Quando deixou o colégio
da missão, esqueceu seu maior desejo e não demorou a se ligar a um grupo
terrorista que se propôs a combater o governo da Namíbia.
Depois de receber
instrução no exterior, voltou ao Sul de Angola para participar dos ataques
cruéis à Namíbia.
Num desses ataques, nas
fronteiras da região de Ovambo, o grupo terrorista ouviu falar de um certo
Josias Niholonge, professor na região de Olukonda. Souberam que este professor
dava aulas de leitura da Bíblia e ensinava ao povo ovambo a prática do amor, da
paz e da mansidão. E com este ensino ele desintegrava o apoio do povo ovambo ao
terrorismo. Por este motivo o grupo achou necessário que este professor fosse
eliminado.
Certa tarde, esperaram-no,
escondidos à beira do caminho. Josias vinha cantando o hino: "Fica comigo...",
enquanto se aproximava do lugar. De repente, os terroristas saltaram para o
meio do caminho, gritando:
— Você também é um dos que
ajudam os cachorros brancos (referência aos sul-africanos brancos), você é
cristão.
O comandante arrancou a
Bíblia das mãos e atirou-a ao solo, dizendo:
— Fuzilem este porco.
Josias pediu:
— Esperem. Deem a
oportunidade de dizer algo, depois podem fuzilar.
Ele ergueu sua Bíblia, leu
o texto de Romanos 8.31:
— Se Deus é por nós, quem
será contra nós?
Depois disso, apertou a
Bíblia contra o peito. O comandante deu ordem de fogo, seu corpo e sua Bíblia
foram perfurados de balas. Os terroristas ainda o saquearam, tirando o relógio
e tudo o que possuía de valor, sumindo depois no matagal.
Um deles, porém, aquele
que anos antes havia estudado numa escola missionária, parou e depois correu ao
redor do morto, tomou a Bíblia manchada pelo sangue do mártir e a colocou em
seu bolso.
Logo depois, fugiu com os
companheiros, cruzando a fronteira, para chegar à base da guerrilha, em Angola.
Em segredo, ele folheou a Bíblia toda rasgada e encontrou novamente as palavras
de Romanos 8.31, que Josias Niholonge tinha lido momentos antes de sua morte.
Estas palavras atormentaram seu espirito e fizeram-no reconhecer seu estado
pecaminoso e sua conduta de vida terrível.
O que ele estava fazendo
naquele instante era arriscar sua própria vida, pois se seus companheiros descobrissem
a Bíblia em seu poder, sem dúvida ele pagaria com a vida. Por isso, jogou a
Bíblia num matagal. Mas, logo depois sentiu forte desejo e foi buscar a Bíblia
novamente. Alguns dias depois, ele lançou a Bíblia no fogo, mas não suportou
vê-la queimando. Tirou-a novamente.
O seu estado espiritual
começou a causar grandes problemas, e a Palavra de Deus ardia em seu peito como
fogo. Quando já não suportava mais, fugiu de noite do esconderijo dos
terroristas com sua Bíblia. Nas noites seguintes, ele caminhou na direção do
Sul. Durante o dia, escondia-se no mato. Neste constante perigo de vida, ele
cruzou a fronteira e chegou até a casa da missão, onde bateu à porta para pedir
ajuda.
Na casa do missionário
finlandês, o terrorista entregou seu coração e sua vida a Jesus Cristo. Ele não
conseguiu encontrar paz, antes de estar em ordem com Deus e arrumar a sua vida
arruinada.
Hoje, este ex-terrorista é
uma “nova criatura” (2Co 5.17), um cristão verdadeiro, um filho de Deus.
Com informações de João Soares da Fonseca (livro Conta Outra) e site Jesus.de .





